quarta-feira, 23 de outubro de 2013

As noites lhe viriam sombrias cortando as flores. Suores noturnos e viajantes marítimos lhe fariam lembrar. As gentes o ignoravam e ele não tinha o seu amor, não passava de reles mosca procurando vacas monumentais em que pousar. A existência lhe parecia um fio. E em verdade as agitações coloridas não passavam de sombras imaginárias, o ouro estava no fundo do poço, e ele tinha pedras pra rolar. Respirar era o que valia.
As pílulas e os aparelhos estavam longe... foi preciso ouvir o próprio pensamento... vender a alma ao diabo... a cabeça doía de suspender o corpo do trabalho e ouvir os penhascos e as aves que se jogam dele... e tudo estava tão cheio do plástico, do cimento, e fios e maravilhas reluzentes a se catalogar com números e regras e deveres que o espírito livre quer a morte, nem sabe mais pra onde voar.